sábado, 31 de julho de 2010

O Chamado de Cthulhu de Andrew leman


Guillermo del Toro e James Cameron estão reunindo forças para filmarem uma adaptação do romance Nas Montanhas da Locura de H. P. Lovecraft. Apesar de ser considerado um mestre na literatura de terror, a obra de Lovecraft nem de longe foi tão adaptada para o cinema como Edgar Alan Poe, Clive Baker e Stephen King, por exemplo. Talvez a razão seja o conteúdo extremamente surreal e excessivamente cósmico que Lovecraft impôs às suas obras.

Seja como for, uma das mais célebres adaptações para o cinema foi exatamente sobre a base da mitologia lovecraftiana: O Chamado de Cthulhu de 2005 e dirigido por Andrew Leman. Adaptações como Reanimator, Dagon ou Necronomicon usam elementos da mitologia lovecraftiana, mas possivelmente o mais bem sucedido seja realmente o filme de Leman.

A razão disto se deve, em particular, pela decisão muito acertada de Leman de fazer a adaptação como cinema mudo, usando efeitos especiais comuns na década de vinte e lançando mão de uma trilha sonora e interpretações próprias deste período.

O roteiro procura se espelhar quase que fielmente no conto homônimo com poucas variações. No conto, o herdeiro do emérito professor de línguas semíticas da Universidade Brown em Providence recebe os papéis de seu tio avô e se depara com uma pilha de laudas redigidas com o título “Culto de Cthulhu”.

Seu tio-avô recebe a visita de Henry Anthony Wilcox que lhe mostra uma singularíssima escultura encontrada em suas expedições arqueológicas, procurando ajuda para interpretar as inscrições da mesma. É aí que se inicia uma nova expedição em busca daquele mistério.

Uma das pistas se encontra entre os bruxos esquimós e os sacerdotes do pântano da Lousinia que entoavam a seguinte evocação: “Ph´nglui mglw´nafh Cthulhu R´lyeh wgah´nagl fhtagn”. O que os especialistas descobriram era que esta frase significa mais ou menos: “Em sua casa de R´lyeh, o morto Cthulhu espera sonhando”. O que eles anseiam, agora, é descobrir a origem deste culto.

O conto, assim como o filme, conta a loucura que se abateu sobre a tripulação em busca do culto de Cthulhu e os pesadelos horrendos que acometiam a todos. O encontro insólito e horrendo mudará a vida daquela tripulação para sempre.

Creio que Leman produziu uma homenagem à altura do gênio de Lovecraft e que não desapontará seus fãs mais ardorosos.

O link para download no Blog Wurdulak:

http://wurdulaks.blogspot.com/search/label/H.P.%20Lovecraft



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domingo, 25 de julho de 2010

Nosferatu de Werner Herzog



Bram Stoker, com seu romance epistolar Drácula, transforma a mitologia dos vampiros e coloca essa figura singular em definitivo dentro da história da literatura. Um homem condenado à imortalidade e à solidão absoluta, separando brutalmente de sua amada, negando Deus e que precisa viver entre os simples mortais e se alimentar de sangue, eis de modo sucinto o enredo do livro.

Stoker elaborou personagens interessantes e que estruturam a narrativa: o corretor de imóveis Jonathan Harker que parte de Munique para se encontrar com o conde Drácula na faixa limítrofe entre os estados da Transilvânia, Moldávia e Bukovina, no centro da Cadeia dos Cárpatos para tratar da compra de uma propriedade em Carfax que o conde quer efetuar; sua noiva Mina Murray, mulher linda e frágil, afligida pela distância imposta pela partida de seu noivo e amparada por sua amiga Lucy Westenra; Dr. Seward, médico psiquiatra e amigo do Dr. Van Helsing, médico estudioso das ciências ocultas e o conde Drácula, figura soturna, notívago e que exala uma aura maligna sentida por todos.

Este romance foi adaptado diversas vezes para o cinema. Talvez a mais célebre de todas as adaptações seja Nosferatu – uma sinfonia do horror de F. W. Murnau. Essa obra-prima do cinema expressionista compõe um Drácula sombrio e angustiado, numa saga interminável de sombras e terror. Mas possivelmente a adaptação mais conhecida seja o fraquíssimo Drácula de Bram Stoker de Coppola com seus cenários exagerados e interpretações fracas de Keanu Reeves, Winona Rider e Gary Oldman.

Porém, para mim, a melhor adaptação foi feita por Werner Herzog. Seu filme Nosferatu, o vampiro da noite de 1979 é uma aula de cinema com seus cenários esplêndidos e personagens muito bem construídos. Mina é vivida por Isabela Adjani, com seus olhos belíssimos e uma estranha expressão de tristeza constante pela espera de seu amado; Drácula é brilhantemente interpretado por Klaus Kinski que vive um vampiro atormentado por sua solidão eterna e, pior ainda, pelo tédio mortal da imortalidade e Jonathan que é interpretado por Bruno Ganz, o viajante que enfrenta as agruras de uma solidão involuntária e de um mal involuntário.

Herzog acentua o vazio das vidas de seus personagens, seus fracassos margeados por uma solidão brutal. Além do mais, Herzog consegue trafegar de modo magnífico entre o expressionismo alemão e o cinema contemporâneo. Herzog adapta Stoker e Murnau numa leitura bastante pessoal, dando mais atenção ao aspecto dramático da obra. As paisagens naturais – todas belíssimas – alinhadas ao clima soturno, denso e maligno do filme são marcas inegáveis da competência de Herzog.

A cena da entrada do vampiro na cidadezinha alemão às margens do Báltico, com milhares de ratos empesteando as ruas e cortejos fúnebres, é simplesmente fantástica. Creio que esta é a adaptação definitiva da obra de Stoker e uma homenagem brilhante ao gênio de Murnau.

O link para download no Blog Langoliers:

http://langolierss.blogspot.com/2010/01/nosferatu-o-vampiro-da-noite-nosferatu.html


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sexta-feira, 16 de julho de 2010

A hora do lobo de Ingmar Bergman



No Ulisses, de James Joyce, Stephen Dedalus afirma que o espelho rachado de uma criada é um símbolo da arte irlandesa. Um espelho quebrado bem poderia ser o símbolo do filme A Hora do Lobo de Ingmar Bergman. Aqui, Bergman quer explorar a mistura do sonho com a realidade e o pesadelo.

O filme conta a estória de um pintor que decide abandonar a civilização e ir morar numa ilha rochosa e deserta com sua esposa Alma (vivida por Liv Ullman). Ele é acossado por uma insônia eterna e as noites do casal transcorrem em meio ao silêncio absoluto e a escuridão vonluntária de sua residência encravada em meio aos montes rochosos da ilha.

O silêncio, que poderia indicar paz e tranqüilidade, transforma-se numa angústia constante e que traz consigo uma distância cada vez mais intensa entre o casal. De súbito, uma velha senhora surge no quintal da casa e diz à Alma para procurar o diário do marido embaixo da cama. Aí, ela descobre um caso de infidelidade dele e seu ciúme invade sua mente. A questão é: será que podemos realmente amar o outro quando o conhecemos em toda a sua extensão existencial? Sem atalhos e subterfúgios? Não seria a máscara social um quesito fundamental para que o amor possa ter lugar?

Bergman tenta responder a tal questionamento, mas nunca chega a uma resposta fechada. Para romper a solidão do casal, moradores de um castelo vizinho aparecem e os convidam para um jantar. No fim do jantar, o anfitrião faz um pequeno espetáculo de marionetes com a Flauta Mágica de Mozart e o pintor discute sobre o fim da arte e a questão fundamental da ópera: ainda haverá luz para nós? Será necessário um sortilégio poderoso para nos tirar desta escuridão artística?

Mas, como indiquei antes, Bergman mescla sonho e pesadelo com a realidade, e não sabemos se as pessoas do castelo são reais ou não. Mas o que é certo é que são pessoas simbólicas da vontade da sociedade de vampirizar o outro. Expresso-me melhor: a necessidade social de sempre tirar algo do outro, de sempre adquirir algo e nunca sair de mãos abanando.

Por fim, quando adentra sozinho o castelo em busca de uma antiga paixão, o pintor se vê diante de si mesmo como um espelho que se partiu. O cenário soturno e o clima de pesadelo e solidão dão ao filme uma característica ainda mais interessante. Note-se que o enredo se articula sempre num crescendo e a sensação de distância entre a realidade e o universo onírico vão se encurtando cada vez mais.

Liv Ullman, como sempre, consegue dar uma intensidade dramática ao seu papel que ajuda e muito a manter o clima de inesperado que ronda o filme o tempo todo. Woody Allen, um grande fã de Bergman, possivelmente escolheu Scarlett Johansson como sua musa para acentuar ainda mais esse seu respeito pelo cineasta sueco.

A Hora do Lobo traz símbolos interessantes para falar do ciúme e da distância que se instala entre as pessoas com o passar dos anos. Esta hora, segundo a tradição, é o momento em que as pessoas morrem e outras nascem, a hora em que os pesadelos nos invadem e que, quando acordamos, ficamos assustados.

Eis o link para download no Blog Cinema Cultura:

http://cinemacultura.blogspot.com/search/label/*%20Ingmar%20Bergman


Eis o link para baixar o programa 7-zip que une as partes baixadas num único arquivo:

http://www.superdownloads.com.br/download/165/7-zip/


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sábado, 10 de julho de 2010

Kafka de Steven Soderbergh


Na postagem anterior, comentei que a maior virtude do filme de Visconti foi adaptar fielmente o romance O Estrangeiro de Camus. Com Soderbergh a situação é oposta: sua maior virtude não foi adaptar um romance de Kafka – como o fez Orson Wells com O Processo – mas sim colocar Kafka dentro de suas obras, mais especificamente O Processo e O Castelo.

Mas Soderbergh não possui a mesma destreza de Visconti. Há erros simplórios tanto no enredo quanto na elaboração das personagens. Há um grupo de rebeldes que poderia ser descartados ou, ao menos, poderia ser melhor elaborado, bem como dois ajudantes de Kafka – uma referência aos dois ajudantes do agrimensor de O Castelo – que beiram a pantomima. Além do mais, a personagem feminina central – possivelmente uma tentativa de fazer alguma referência a Milena – destoa grotescamente do universo absurdo kafkiano.

Entretanto, Soderbergh acerta ao escolher Jeremy Irons para o papel de Kafka: soturno, distante, enigmático e esquivo. E ao escolher, na primeira parte do filme em preto e branco, cenários que nos reportam imediatamente a Fritz Lang, principalmente M - O Vampiro de Düsseldorf. Mas peca terrivelmente na hora de dar um toque de suspense policial através de um enredo frouxo, apressado demais.

O final reserva algo impossível para o universo kafkiano, ou seja, alcançar sua meta e atingir um entendimento do estado de coisas, já que Kafka é, por excelência, o escritor do absurdo. Porém, ainda mantém a solidão muito particular deste escritor e sua visão quase pessimista do mundo.

Recomendo apenas para aqueles que realmente amam a obra de Kafka e, numa dimensão um pouco inferior, apreciam o clima soturno de Lang. De outro modo, creio que será melhor assistir outro filme.

O link para download no Blog Filme e Download:

http://filmeedownload.blogspot.com/2009/05/kafka-1991.html



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segunda-feira, 5 de julho de 2010

O estrangeiro de Luchino Visconti


O Estrangeiro de Luchino Visconti é uma produção de 1967. Trata-se de uma adaptação quase “linha a linha” do romance homônimo de Albert Camus. O que este filme possui de melhor – sua excelência em adaptar um dos maiores romances da literatura existencialista – também é seu maior erro. Explico-me.

Lembro-me quando surgiu Budapeste de Walter Carvalho, adaptação da obra de Chico Buarque. Confesso que tentei ler Estorvo e Benjamin e que os deixei no meio do caminho, como se faz quando deixamos uma bagagem velha e inútil em alguma estação perdida entre cidades do interior.

Meu amigo Flávio Minno me emprestou uma cópia pirata do filme em DVD. Pensei numa frase de outro amigo, Pietro Wagner, que dizia que não podia perder o Encouraçado Potemkin de Eisenstein para seu filho, Ulisses, ou seja, o menino deveria ver, compreender e absorver a proposta estética do filme. Pensei nisso quando me deparei com Budapeste. Eu não poderia perder o livro diante do filme. Sempre preferi a literatura ao cinema e foi o que fiz: primeiro li o livro – que achei magnífico – e depois vi o filme.

Este é o problema desta obra de Visconti. Ver este filme antes de ler a obra de Camus é decretar a sentença: perder o livro para o filme. Mas para quem já conhece o romance, então vale realmente a pena enfrentar esta “transposição” para a tela.

Visconti elabora à perfeição o universo camusiano e seu absurdo existencial. Mersault, vivido de modo impecável por Marcello Mastroianni, é o herói absurdo por excelência. Sua indiferença frente ao mundo e suas convicções, dogmas e estruturas burocráticas chega a exasperar um interlocutor menos avisado.

A cena do enterro de sua mãe, as cenas de banho, os bares, as conversas absurdas, a claridade da praia, o assassinato do árabe, o julgamento, a conversa com o padre e sua confissão final para si mesmo estão todos lá. Visconti quer conquistar a voz de Camus para o cinema e, de fato, consegue. Realmente, eu recomendo. Mas com uma ressalva: apenas para quem já leu o livro.

O link para download no site Trixxx:

http://trixxx.com.br/?p=3511


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