sexta-feira, 16 de julho de 2010

A hora do lobo de Ingmar Bergman



No Ulisses, de James Joyce, Stephen Dedalus afirma que o espelho rachado de uma criada é um símbolo da arte irlandesa. Um espelho quebrado bem poderia ser o símbolo do filme A Hora do Lobo de Ingmar Bergman. Aqui, Bergman quer explorar a mistura do sonho com a realidade e o pesadelo.

O filme conta a estória de um pintor que decide abandonar a civilização e ir morar numa ilha rochosa e deserta com sua esposa Alma (vivida por Liv Ullman). Ele é acossado por uma insônia eterna e as noites do casal transcorrem em meio ao silêncio absoluto e a escuridão vonluntária de sua residência encravada em meio aos montes rochosos da ilha.

O silêncio, que poderia indicar paz e tranqüilidade, transforma-se numa angústia constante e que traz consigo uma distância cada vez mais intensa entre o casal. De súbito, uma velha senhora surge no quintal da casa e diz à Alma para procurar o diário do marido embaixo da cama. Aí, ela descobre um caso de infidelidade dele e seu ciúme invade sua mente. A questão é: será que podemos realmente amar o outro quando o conhecemos em toda a sua extensão existencial? Sem atalhos e subterfúgios? Não seria a máscara social um quesito fundamental para que o amor possa ter lugar?

Bergman tenta responder a tal questionamento, mas nunca chega a uma resposta fechada. Para romper a solidão do casal, moradores de um castelo vizinho aparecem e os convidam para um jantar. No fim do jantar, o anfitrião faz um pequeno espetáculo de marionetes com a Flauta Mágica de Mozart e o pintor discute sobre o fim da arte e a questão fundamental da ópera: ainda haverá luz para nós? Será necessário um sortilégio poderoso para nos tirar desta escuridão artística?

Mas, como indiquei antes, Bergman mescla sonho e pesadelo com a realidade, e não sabemos se as pessoas do castelo são reais ou não. Mas o que é certo é que são pessoas simbólicas da vontade da sociedade de vampirizar o outro. Expresso-me melhor: a necessidade social de sempre tirar algo do outro, de sempre adquirir algo e nunca sair de mãos abanando.

Por fim, quando adentra sozinho o castelo em busca de uma antiga paixão, o pintor se vê diante de si mesmo como um espelho que se partiu. O cenário soturno e o clima de pesadelo e solidão dão ao filme uma característica ainda mais interessante. Note-se que o enredo se articula sempre num crescendo e a sensação de distância entre a realidade e o universo onírico vão se encurtando cada vez mais.

Liv Ullman, como sempre, consegue dar uma intensidade dramática ao seu papel que ajuda e muito a manter o clima de inesperado que ronda o filme o tempo todo. Woody Allen, um grande fã de Bergman, possivelmente escolheu Scarlett Johansson como sua musa para acentuar ainda mais esse seu respeito pelo cineasta sueco.

A Hora do Lobo traz símbolos interessantes para falar do ciúme e da distância que se instala entre as pessoas com o passar dos anos. Esta hora, segundo a tradição, é o momento em que as pessoas morrem e outras nascem, a hora em que os pesadelos nos invadem e que, quando acordamos, ficamos assustados.

Eis o link para download no Blog Cinema Cultura:

http://cinemacultura.blogspot.com/search/label/*%20Ingmar%20Bergman


Eis o link para baixar o programa 7-zip que une as partes baixadas num único arquivo:

http://www.superdownloads.com.br/download/165/7-zip/


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