domingo, 25 de julho de 2010

Nosferatu de Werner Herzog



Bram Stoker, com seu romance epistolar Drácula, transforma a mitologia dos vampiros e coloca essa figura singular em definitivo dentro da história da literatura. Um homem condenado à imortalidade e à solidão absoluta, separando brutalmente de sua amada, negando Deus e que precisa viver entre os simples mortais e se alimentar de sangue, eis de modo sucinto o enredo do livro.

Stoker elaborou personagens interessantes e que estruturam a narrativa: o corretor de imóveis Jonathan Harker que parte de Munique para se encontrar com o conde Drácula na faixa limítrofe entre os estados da Transilvânia, Moldávia e Bukovina, no centro da Cadeia dos Cárpatos para tratar da compra de uma propriedade em Carfax que o conde quer efetuar; sua noiva Mina Murray, mulher linda e frágil, afligida pela distância imposta pela partida de seu noivo e amparada por sua amiga Lucy Westenra; Dr. Seward, médico psiquiatra e amigo do Dr. Van Helsing, médico estudioso das ciências ocultas e o conde Drácula, figura soturna, notívago e que exala uma aura maligna sentida por todos.

Este romance foi adaptado diversas vezes para o cinema. Talvez a mais célebre de todas as adaptações seja Nosferatu – uma sinfonia do horror de F. W. Murnau. Essa obra-prima do cinema expressionista compõe um Drácula sombrio e angustiado, numa saga interminável de sombras e terror. Mas possivelmente a adaptação mais conhecida seja o fraquíssimo Drácula de Bram Stoker de Coppola com seus cenários exagerados e interpretações fracas de Keanu Reeves, Winona Rider e Gary Oldman.

Porém, para mim, a melhor adaptação foi feita por Werner Herzog. Seu filme Nosferatu, o vampiro da noite de 1979 é uma aula de cinema com seus cenários esplêndidos e personagens muito bem construídos. Mina é vivida por Isabela Adjani, com seus olhos belíssimos e uma estranha expressão de tristeza constante pela espera de seu amado; Drácula é brilhantemente interpretado por Klaus Kinski que vive um vampiro atormentado por sua solidão eterna e, pior ainda, pelo tédio mortal da imortalidade e Jonathan que é interpretado por Bruno Ganz, o viajante que enfrenta as agruras de uma solidão involuntária e de um mal involuntário.

Herzog acentua o vazio das vidas de seus personagens, seus fracassos margeados por uma solidão brutal. Além do mais, Herzog consegue trafegar de modo magnífico entre o expressionismo alemão e o cinema contemporâneo. Herzog adapta Stoker e Murnau numa leitura bastante pessoal, dando mais atenção ao aspecto dramático da obra. As paisagens naturais – todas belíssimas – alinhadas ao clima soturno, denso e maligno do filme são marcas inegáveis da competência de Herzog.

A cena da entrada do vampiro na cidadezinha alemão às margens do Báltico, com milhares de ratos empesteando as ruas e cortejos fúnebres, é simplesmente fantástica. Creio que esta é a adaptação definitiva da obra de Stoker e uma homenagem brilhante ao gênio de Murnau.

O link para download no Blog Langoliers:

http://langolierss.blogspot.com/2010/01/nosferatu-o-vampiro-da-noite-nosferatu.html


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